O Botafogo de Futebol e Regatas norteou minha adolescência.
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General Severiano - anos 70 - sr. Néca de branco |
Aos 12 anos, pelas mãos de Cóti e "seu" Machado, calcei pela
primeira vez um par de chuteiras e aprendi o suficiente para ser levado até "seu" Néca (famoso Manoel Vitorino) no Botafogo,
no Rio de Janeiro.
Minha mãe confiava em mim e não interferiu em nada em minhas
idas ao Rio, praticamente sozinho. Morávamos em São Gonçalo e haveriam, além das barcas, mais dois ônibus até o destino em
Del Castilho.
Acordava às 5 para chegar correndo às 7h.
"Seu" Néca era muito exigente com a disciplina e respeitado
até mesmo quando sorria. Ganhar dele um sorriso era como um troféu para todos nós. Cerca de 400 garotos dos 11 aos 16 anos
eram observados toda quarta-feira naquele campo raspado, das 7h às 15h, 20 minutos para cada 2 times formados à beira
do campo, por ordem de chegada. A glória era ser escolhido para voltar.
Em meu primeiro treino, tive que marcar o Tiquinho, ponta-esquerda
já com fama, reportagens em jornais e, com um futebol extraordinário para sua idade. Confesso que dei muita sorte. Após driblar
ao goleiro por mais de duas vezes, ele continuou ao invés de finalizar, o que me deu a oportunidade de tirar dele a bola,
sem tocar nele (sem apelar). A sua segunda tentativa foi para cima de mim e não passou. Aí mostrou seu lado frágil: detestava
quando as coisas fáceis para ele não saiam como queria e ficava nervoso. "Seu" Néca entrava em cena e o deixava mais nervoso
ainda. Foi sorte a que tive. Uma sequência delas.
Sempre fui fortinho, o que chamou a atenção dele mais ainda
para mim.
Ao final deste treino, a zebra que era eu - não jogava nada
em vista dos colegas que foram comigo - além de ser escolhido para voltar, deveria trazer documentos de comprovação de idade
e autorização dos pais.
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Com Luizinho Rangel, Ronaldo Torres. |
Os quatro anos seguintes foram determinados pela presença
forte do "seu" Néca, pela honra de vestir aquela camisa, conhecer e conviver com colegas de admiráveis personalidade e futebol
maravilhoso.
O Botafogo de "seu" Néca era uma família do dente-de-leite
ao juvenil.
Eu vi de perto a selefogo de 71, pós tricampeonato mundial
do mundo, com C. Alberto Torres, Brito, Jairzinho, Paulo César e um juvenil de 222 partidas invicta por todo o Brasil, que
tinha China, Calibé, Maurício, Pedro Paulo e Nei Dias; Nandes e Marco Aurélio; Tuca, Nilson Dias, Luizinho e Galdino.
Joguei junto (e tenho orgulho disto) com Luizinho Rangel,
Ronaldo Torres (estes chegaram ao profissional), Índio, Tiquinho, Dodô, Fernadinho, Paulista, João Carlos, Serginho, e tantos
mais.
Com seu Néca aprendi disciplina, respeito e o pouco
que sei de tática e futebol. Ele era exigente e gostava do que fazia. Era duro e tratava a todos igual, indiferente de cor,
idade e melhor ou pior com a bola.
Senti sua falta em dados momentos de minha vida jovem.
Quando ouvi dele que já não precisava mais de mim,
aos 16 anos e que seguisse estudando, desisti do que poderia tentar nessa carreira.
Depois estive em seleções como a do Estado do
Rio de futebol de salão no Brasileiro de juvenis de 1975 e em Araruama, quando disputei o campeonato pelo União F.C,
clube da cidade de Silva Jardim que meu pai ajudou na fundação e que rege a história do lugar.
Continuei dando meus pontapés por aí, sem muito
o que ganhar, amadoramente, como minha família toda e muito amigos.
Minha primeira namorada chamava-se Klerian e era
muito linda a baixinha. Eu não acreditava que ela estava comigo de verdade.
Naquele tempo era só namoro mesmo e eu tive algumas,
com destaque para Shirley, Lucineide, Leila, Isabel (verdadeira paixão) ...
Ao terminar o segundo grau e descobrir
o vestibular, já conhecia Leila Verônica, que viria a ser minha esposa mais tarde.

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Fim da adolescência. Saquarema - RJ - 18 anos |
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Ilídio, Eu, João, Jorge e Luiz Cláudio. |
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